Artur Madeira, o apicultor do Monsanto (copy 2)
Artur Madeira
Arquitecto de profissão, tem também o legado cuidar das abelhas na nossa cidade
É no meio do Parque Florestal de Monsanto, entre troncos longos e trilhos estreitos, que descobrimos Artur Madeira. Escondido pela alta vegetação, conseguimos avistar umas caixas coloridas empilhadas e ouvir um zumbido que não engana ninguém. Estamos no apiário de Artur, um dos criadores de abelhas de Monsanto.
Natural do Algarve, veio de malas e bagagens para Lisboa aos 18 anos para estudar Arquitetura Paisagista e, com o passar do tempo, adotou esta como a sua cidade. O respeito pela natureza e a conservação da biodiversidade esteve presente desde sempre. Em pequeno, lembra-se das memórias do avô José e da felicidade que era extrair o mel das colmeias. Um gosto que, com a azáfama do quotidiano, ficou adormecido.
Aos 50 anos, com os filhos crescidos e mais tempo livre, surge a oportunidade de tirar um curso intensivo de apicultor. E assim foi. Quis o destino que, um dia, encontrasse um enxame no topo de um telhado: "Eu vou tentar fazer isto". A aventura dura até hoje, passados seis anos. Considerado um apicultor de pequena dimensão, Artur tem entre 8 e 15 colónias, o que significa que, à sua responsabilidade, estão milhares de abelhas.
Nos Estados Unidos e no Norte da Europa, a apicultura urbana é politicamente promovida. Por cá, nem pensar. Ainda assim, em Monsanto trabalham 12 apicultores.
Para entrarmos no reino de Artur, ou melhor, das abelhas é necessário vestirmo-nos a rigor. De fato branco completo, luvas e botas colocadas, estamos prontos. Para não agitar as abelhas, os passos têm de ser delicados e os sons contidos. O zunzunar das abelhas intensifica-se à medida de que nos aproximamos. Ao abrir os quadros das colmeias somos recebidos por milhares de abelhas: a abelha rainha, as obreiras e os zangãos.
Por baixo de toda a estrutura encerada, meticulosamente organizada, está o mel. Feito a partir do néctar de várias flores, este mel, com predominância de tília, parece fazer as delícias dos familiares e amigos. Aquilo que começou por mera curiosidade é atualmente uma ocupação de que não se vê abdicar. O fascínio por estes animais é mais do que notório. Artur olha para a apicultura como uma extensão da sua profissão: é cuidar da natureza e da biodiversidade.
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